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O PARADOXO DO AGRONEGÓCIO EM MATO GROSSO

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Porque o estado de Mato Grosso é tão rico e tão pobre ao mesmo tempo? Comumente nós assistimos no noticiário local e nacional que nosso estado é um dos mais ricos da federação, pois somos o responsável sozinho por 30% da Balança Comercial do País – o que sem dúvida, representa uma grandeza se olhado somente pelo aspecto numérico.

Outros números: Nosso estado é o 1º produtor de Soja do País, o 1º produtor de Algodão e o 2º produtor em Milho – além de sermos o 1º em rebanho Bovino, o 6º em rebanho Suíno e o 7º produtor Avícola.

Ainda, segundo dados da pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), o rendimento médio mensal do trabalho em nosso estado foi de R$ 1.682,00 em 2012, valor superior ao do Brasil no período (R$ 1.507,00).

Mas e daí ?  Como toda essa renda é distribuída à nossa população ? Quais as externalidades positivas geradas? Pois bem!!!

Segundo o IBGE – chama atenção o fato de que mais de 75% da população do nosso estado ganha até 03(três) salários mínimos – é isso mesmo!!! Ou seja, em nosso estado há uma brutal desigualdade na distribuição de renda, não obstante sermos o primeiro lugar nisso ou naquilo, bem como o rendimento médio mensal ser superior à do País. Fato: Somos ricos e pobres ao mesmo tempo.

Em economia é conhecidíssimo o índice de GINI – pra que serve? Esse índice é uma medida de desigualdade, ele varia de 0 a 1, quanto mais próximo de zero maior a igualdade. Em Mato Grosso o coeficiente de GINI é superior à média do Brasil (0,0507) contra (0,517) em nosso estado – o que é o reflexo da maior desigualdade de renda no estado.

Aprendemos que o mundo gira em ciclos, cá entre nós: Houve o ciclo da Borracha, o ciclo da Companhia Mate Laranjeira, o ciclo econômico da Poaia, só para refrescar nossa memória, e qual foi o fim desses ciclos todos? O que eles agregaram na atividade econômica de Mato Grosso?

Sem querer ser raso nessa discussão, não seria o Agronegócio mais um ciclo? Aos números: O PIB de Mato Grosso representa 1,7% do produto do Brasil, no entanto, a composição do nosso PIB é diferente da Nacional, com maior participação da agropecuária  e menor peso da indústria e do setor de serviços.

Suscito essa questão – pois estamos na antevéspera de uma eleição geral em nosso estado e por oportuno faço essa pergunta aos nossos candidatos, com clareza, quais as políticas que serão implementadas para atribuir um maior peso da indústria e do setor de serviços para agregar valor ao nosso Produto Interno Bruto? Pois estamos na contramão do Brasil e não podemos depender somente do Agronegócio, pois como vimos, o mundo vive de ciclos e o Capital é apatriado, já há estudos dizendo que a África será o novo Eldorado do Agronegócio, em Moçambique – chamado corredor de Nacaia,  o que seria a versão africana do cerrado Brasileiro. Detalhe: Fica mais perto do mercado consumidor – sendo assim…

Portanto, diversificar é preciso!  Não podemos mais correr o risco de ficar de pires na mão, num eventual escassês do Agronegócio – não temos o direito de plagiar o poeta Vinicius de Moraes em seu imortal "O amor é eterno enquanto dure”  pois senão,… como ficarão as futuras gerações?

Vale a pena uma reflexão!!!

Epaminondas Castro , Economista formado pela UFMT

 

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